quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Reflexões de: A ERA DA AVAREZA



Reflexões de:
A ERA DA AVAREZA
Humberto Mariotti.

 “Enquanto não for abalada a nossa convicção da dicotomia entre o homem e o mundo, continuaremos a nos considerar “autorizados” a ver a natureza como um butim da guerra que travamos uns contra os outros em nome da sobrevivência dos “mais fortes”. Pouco ou nada importa que a “competitividade” leve ao estresse e a outras patologias mais graves, que ela gere medo, ansiedade, depressão e violência”.
Humbert Mariotti:

   O texto de Humberto identifica as causas e consequências do processo avarento, ou seja, do processo de desenvolvimento do capitalismo e ou globalização e a interferência na sociedade competitiva, e que esta competição estimula o florar da avareza.
    O processo de Globalização é um fenômeno capitalista que já vem desde a época dos descobrimentos, e começou-se a desenvolver a partir da Revolução Industrial. A sua origem pode ser traçada do período mercantilista iniciado aproximadamente no século XV e durando até o século XVIII, com o desenvolvimento do transporte marítimo, e aumento da complexidade das relações políticas européias durante o período. Este período viu grande aumento no fluxo de força de trabalho entre os países e continentes, particularmente nas novas colônias européias. 
  Faço aqui as palavras de David Harvey “O capital é um processo, e não uma coisa. É um processo de reprodução da vida social por meio da produção de mercadorias em que todas as pessoas do mundo capitalista avançado estão profundamente implicadas. Suas regras internalizadas de operação são concebidas de maneira a garantir que ele seja um modo dinâmico e revolucionário de organização social que transforma incansável e incessantemente a sociedade em que está inserido. O processo mascara e fetichiza, alcança crescimento mediante a destruição criativa, cria novos desejos e necessidades, explora a capacidade de trabalho e do desejo humanos, transforma espaços e acelera o ritmo de vida. Ele gera problemas  de super acumulação para os quais há um número limitado de soluções possíveis”.  Harvey, D. Condição Pós-Moderna, página 307.    
    Direta e, ou indiretamente para alguns, todos somos influenciados e influímos no processo econômico, o capital gerou e gera na sociedade a competição desenfreada, o que em certas ou em muitas situações são produzidos os processos de avareza. 
“Nos antigos tempos e quase também nos modernos, as relações da comunidade com os seus membros são as de um credor com os seus devedores”. Nietzsche, Friedrich W: A Genealogia da Moral, página 67.
    O desenvolvimento econômico estimula uma competição entre os países, e estes, nas corporações e estas têm influências diretas no capital humano. Os indivíduos são instigados pelas relações econômicas no sistema capitalista, e, é nestas relações estabelecidas que aflora a competição desenfreada.

O mundo avarento é o mundo da competitividade.
“Competitividade é a característica ou capacidade de qualquer organização em lograr cumprir a sua missão, com mais êxito que outras organizações competidoras”.
 “A competição empresarial é um jogo pesado em que se joga “LIMPO”, mas nunca num campo pesado, e que demanda muita raça e muita competência para se sair vitorioso. Mais é também uma batalha sem tréguas que pode levar ao desastre ou a glória, na qual mesmo os vencedores podem sair machucados”. Prof. Laerte Leite Cordeiro, mestre em Administração e especialista em Carreiras Executivas. Diretor Geral da Laerte Cordeiro Consultores em Recursos Humanos.
  A palavra limpo está destacada por que acredito que o jogo do capital não ocorre de maneira limpa, e sendo o jogo no capital, já por isto não pode ser “LIMPO”.
   E citando Edgar Morin: “A educação deve contribuir para a autopromoção da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) Um cidadão é definido, em uma democracia, por sua solidariedade e responsabilidade em relação a sua pátria”. Morin, Edgar: A Cabeça Bem-Feita, página 65.
   E para concluir transcrevo aqui as palavras de Nietzsche. ”Aquele pequeno mundo interior vai-se desenvolvendo e ampliando à medida que a exteriorização do homem acha obstáculos. As formidáveis barreiras que a organização social construía para se defender contra os antigos instintos de liberdade, e, em primeiro lugar, a barreira do castigo, conseguiram que todos os instintos do homem selvagem, livre e vagabundo, se voltassem contra o homem interior. A ira, a crueldade, a necessidade de perseguir, tudo isso se dirigia contra o possuidor de tais instintos; eis a origem da “má consciência”. O homem que, por falta de resistências e de inimigos exteriores, colhido no potro da regularidade dos costumes, se despedaçava com impaciência, se perseguia, se devorava, se amedrontava e se maltratava a ele mesmo; este animal a quem se quer domesticar, mas que se fere nos ferros da sua jaula; este ser a quem as privações fazem enlanguescer na nostalgia do deserto e que fatalmente devia achar em si mesmo um campo de aventuras, um jardim de suplícios, uma região perigosa e incerta; este louco, este cativo, de aspirações impossíveis, teve de inventar a “má consciência”. Então veio ao mundo a maior e mais perigosa de todas as doenças, o homem doente de si mesmo; foi conseqüência de um divórcio violento com o passado animal, de um salto para novas situações, para novas condições de existência, de uma declaração de guerra contra os antigos instintos que antes constituíam a sua força e o seu temível caráter”.  A Genealogia da Moral.

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