segunda-feira, 11 de março de 2019

Anamorfose




Mapa em anamorfose
Anamorfose geográfica ou cartográfica é uma forma de representação do espaço geográfico em que há a distorção da proporcionalidade entre os territórios para adequá-los aos dados quantitativos que norteiam o mapa. A palavra anamorfose tem origem na junção de dois termos gregos (aná: "sobre" + morphê: "forma"), podendo ser entendida como “formado de novo”.
Os mapas anamórficos, como são conhecidas essas representações cartográficas, são elaborados a partir da análise de dados quantitativos referentes a uma determinada área.


Mapa invertido da América do Sul


Mapa invertido da América do Sul 



“Tenho dito Escola do Sul porque, na realidade, nosso norte é o Sul. Não deve haver norte, para nós, senão por oposição ao nosso Sul. Por isso agora colocamos o mapa ao contrário, e então já temos uma justa ideia de nossa posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta da América, desde já, prolongando-se, aponta insistentemente para o Sul, nosso norte.” Joaquín Torres García, 1941.

  


domingo, 3 de março de 2019

UM OLHAR PARA A PREVENÇÃO DAS DIFICULDADES DA ATENÇÃO





UM OLHAR  PARA A PREVENÇÃO DAS DIFICULDADES DA ATENÇÃO



Adriano João Dos Santos


Resumo: A escola é desafiada a mostrar caminhos claros e respostas para 
atender às demandas da comunidade na qual está inserida, por isso a urgência de 
implementar uma agenda que atenda a esses novos desafios, como torná-la um ambiente 
para a melhoria da sociedade e de inclusão constante. A necessidade de uma escola 
inclusiva é imperativa para fortalecer os laços de solidariedade e comunidade, tão 
imprescindíveis no momento atual, apenas uma escola na qual a dedicação para suprimir 
as dificuldades do indivíduo é colocada como um dos fundamentos do trabalho pedagógico, 
será, assim, mais construtivista e capaz de formar sujeitos. O trabalho apresentará os 
caminhos para uma escola emancipatória e os fatores decisivos para a promoção das 
modalidades atencionais e a importância decisiva da psicopedagogia na contribuição de 
uma educação  capaz de emancipar sujeitos, de fazer subjetividades e de ampliar suas 
possibilidades como agente transformador , para isso serão analisados ​​os fatores que
 possibilitam libertar a atenção, segundo o livro de Alicia Fernández, intitulado: Atenção
 aprisionada: Psicopedagogia da capacidade atencional.


Palavra chave: Psicopedagogia, escola, atenção escolar, modalidades atencionais.  


1.    INTRODUÇÃO


       A escola constantemente passa por desafios que são pertinentes ao processo da educação formal, pois ela  é fruto da sociedade, a reflete e por ela é refletida, se produz e se reproduz constantemente, sua importância como ambiente coletivo é inquestionável, tamanha é a preocupação de governos com estirpe autoritária tentando por todos os meios cercear a autonomia da escola e a prática pedagógica de professores. A escola é também um ente social para o aprimoramento do conhecimento humano e aperfeiçoamento das eficiências sociais, ela é parte integrante do tecido social, é o próprio tecido da sociedade, é um modelo de sociedade, é resultado das relações à qual pertence.
       Seus desafios são inúmeros, algo pertinente a todo ente social, como sendo o reflexo da sociedade,  a própria,  é desafiada a mostrar caminhos e respostas apuradas para satisfazer as reinvindicações da comunidade da qual está inserida. Diante dos novos desafios aos quais é submetida, o ambiente escolar reflete as angustias nas faces e na personificação de  professores e estudantes. As novas tecnologias da informação e das mídias são representações de novas modalidades atencionais que despertam a atenção de diferentes públicos e ditam modelos de comportamentos dos mais diversos, por sua vez, o  modelo social baseado na família patriarcal, está em permanente crise, é alvo de fortes polêmicas e discussões, algo pertinente ao desenvolvimento de indivíduos e com reflexos no  desenvolvimento da aprendizagem.
       O processo da educação atual é o resultado da evolução desse tipo de sociedade,  que busca respostas aos modelos tradicionais vigentes e alternativas ou referências diante dessas constantes mudanças em diferentes segmentos sociais, sejam eles políticos, econômicos ou ambientais que são mostradas diariamente nos espaços locais e globais. Ao mesmo tempo que representa a sociedade e por ela é representada,  a escola é também o elemento estimulador das novas relações que ocorrerão nas esferas da sociedade,  mas ao mesmo tempo a escola recebe toda a carga que a própria sociedade despeja sobre as pessoas que fazem parte da escola. O desenvolvimento da escola sempre esteve a atender  os anseios econômicos vigentes e imediatos, seja para promoção dos indivíduos como mão de obra ou mesmo para controle de ideologias e controle político, a depender da história e das esferas  de políticas influenciadoras para o bem ou para o mal.
       A educação é representação da vida, é aquilo que não tem como se desassociar é parte integrante da plenitude da vida,  é a plenitude da própria existência. Nas diversas definições existentes,  é o processo pelo qual uma pessoa ou grupo de pessoas adquirem conhecimentos dos mais diversos com o objetivo de desenvolver sua capacidade e aptidões, além de conhecimento, adquire também hábitos e atitudes. O objetivo primordial da educação é dotar o ser de instrumentos culturais capazes de impulsionar as transformações materiais e espirituais exigidas não somente pela dinâmica da sociedade, mas sim pela evolução  da  e para a humanidade.
       Dentro desse contexto evolutivo a educação passou por uma esfera de transformações que nunca se sessarão porque justamente faz parte do ser coletivo, não obstante com a própria evolução e modificações que a sociedade passa, a educação vigente também será transformada e ao mesmo tempo que é a transformadora. É dessa forma que a educação será sempre questionada, como seus métodos, seu propósito e sobre os diferentes processos de aprendizagem.
     Nesse sentido a psicopedagogia se faz necessária como eixo norteador da educação e essencial como ciência da aprendizagem, comprometida com o individuo e com o sentido  coletivo da escola, com o despertar de novos horizontes que possibilitarão a ascensão de uma humanidade de fato humana.  


2.    MATERIAIS E MÉTODOS

      O artigo realizado trata-se de uma pesquisa bibliográfica, sendo utilizado como principal  fonte o livro de Alicia Fernández,  intitulado de:  A atenção aprisionada: Psicopedagogia da capacidade atencional, sendo empregada a metodologia qualitativa. O artigo apresenta uma única etapa de desenvolvimento através da pesquisa bibliográfica, utilizando assim o  livro que aborda o papel decisivo dos espaços e das modalidades atencionais e os fatores que desencadeiam a atenção no processo de aprendizagem.

3.    FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


       É mais do que necessário formar sujeitos, aqueles autores do seu próprio destino, pessoas capazes de agir sobre o seu mundo, de torná-lo sustentável no caminhar da vida humana. Nesse sentido a escola, como ser social de grande relevância no equilíbrio do jogo social é a autora primordial para oportunizar espaços de subjetivação, ou seja,  promover a subjetivação, possibilitar o surgimento de sujeitos capazes de transformar sua realidade para o bem comum, o social. Nunca foi tão necessário como no momento atual produzir subjetividades.
       Os desafios são inúmeros, principalmente diante do período em que o mundo está permanentemente  conturbado pelos novos paradigmas da economia global,  não é por menos que os problemas que atinge a humanidade são ao mesmo tempo locais e globais, tem sua incidência sobre as pessoas e sobre todo o planeta, são vários os exemplos de perturbações sociais,  como é o caso do aquecimento global, resultado do processo de crescimento exorbitante da economia mundo, sobretudo dos países mais desenvolvidos em que suas atividades produtivas estavam, e estão, historicamente voltadas para o consumo de matéria-prima fossilizada, como o carvão mineral e o petróleo. Os avanços por sua vez do processo da economia capitalista, trouxe um aceleramento em escala planetária que desencadeou uma mundialização da esfera de modelos de produção e consumo, de certa forma muito singular ao seu tempo, nunca visto antes,  as diversificações do processo de inovações tecnológicas as quais estamos submetidos na atualidade. Tal esfera de modificações criaram e ao mesmo tempo estimularam o desenvolvimento de outros elementos relacionados ao próprio segmento de inovação como uma verdadeira roda gigante de interminável movimento. Na segunda metade do século XX, sobretudo após o advento da Segunda Guerra Mundial, o Capitalismo  vai tentar, e conseguirá,  se fortalecer para enfrentar modelos de propostas de organizações da sociedade contrárias ao modelo de domínio do capital e do lucro, após esse período, que cronologicamente pode ser  situado no início da década de 1990, o globalismo, etapa atual do Capitalismo, inicia o seu processo avassalador de domínio planetário, o que de fato amplia e  consolida nos quatro cantos do planeta, influenciado e direcionado por políticas neoliberais, doutrina utilizada como uma panaceia para as sociedade mais atrasadas, afim de dizimar as desigualdade e a dependência que historicamente foi submetida pelo próprio sistema de domínio capitalista, conduzido pelas potências mais hegemônicas.
       Historicamente a escola foi submetida e é fruto do ordenamento econômico vigente, ela é influenciada e determinada, pouco influi nas esferas do domínio econômico. O próprio desenvolvimento do Taylorismo e do Fordismo, modelos de racionalização da  produção e consumo em massa, foram utilizados como parâmetro de ordenamento de muitos estabelecimentos de ensino no mundo todo, e ainda estão presentes em vários modelos educacionais. As salas massificadas, enfileiradas, as avaliações em testes ou provas meramente quantitativas são heranças desses modelos produtivos que ganharam evidencia na esfera do global , sobretudo durante o século XX. A evolução da escola tecnicista, bancaria não é segredo, sempre esteve e está a serviço do sistema produtivo, não para o conhecimento do individuo, mais  sim para a massificação da informação com a finalidade de atender de imediato os interesses do jogo econômico vigente, a educação só interessa ao sistema para produzir em beneficio do próprio sistema. É o que Paulo Freire enfatiza sobre a “consciência bancaria” da educação.
O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. Isto forma uma consciência bancaria. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita. Mas o curioso é que o arquivado é o próprio homem, que perde assim seu poder de criar, se faz menos homem, é uma peça. O destino do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo sujeito de sua ação. A consciência bancária “pensa que quanto mais se dá mais se sabe”. Mas a experiência revela que com este sistema só se formam indivíduos medíocres, porque não há estímulos para a criação. (FREIRE, 2014, p. 50)  

     Esse modelo de escola está em crise, mas ainda resiste, sobretudo nas escolas com ênfase no conteúdo, onde o fazer ensinar se limita meramente ao conteúdo em si, principalmente quantitativo, onde o maior número de conteúdos representa um modelo saudável, ou seja,  a relevância está na quantidade de informações repassadas ao longo do período escolar. A escola preocupada com provas quantitativas não evolui, não faz subjetividades, não cria sujeitos para o mundo, pode até certo ponto gerar e oportunizar pessoas capacitadas, mas para o mercado. Não formará, ou melhor não estimulará sujeitos planetários, criativos e capazes de conduzir sua própria história.
       Esse modelo de escola, é geradora de exclusão, ao mesmo tempo em que massifica em torno de um objetivo quantitativo ou um referencial avaliativo que mede apenas a quantidade do todo, tendo como referencial parâmetros avaliativos iguais sobre jovens de circunstâncias diferentes, essa escola será parâmetro apenas para excluir, de certa forma aqueles que não atendem os parâmetros tidos como normais, passam a ser os inúmeros jovens taxados como detentores de transtornos de aprendizagem, mas, não será esse modelo de educação detentor de um  grande transtorno?  De não se perceber, de não sentir e não olhar seu próprio papel?   Esse modelo, até certo ponto, presente e até predominante em muitos estabelecimentos de ensino na atualidade, impõe a submissão de todos aqueles envolvidos no ambiente escolar, a escola passa a ser o agente principal da exclusão, ela cria parâmetros de analises influenciados pelo modismo mediático do imediatismo, acaba gerando vítimas  e novos doentes impostos pelo sistema, cria-se as crianças com dificuldade de atenção.
       A escola que é reprodutora dos modelos do poder econômico vigente, vai reproduzindo desta forma, exclui para incluir as crianças taxadas como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), ou seja, o modelo escolar tradicional procura um problema para a solução e não o contrário, uma solução, ou soluções  para o problema.  Dessa maneira a escola se iguala ao modelo de pressão econômica, não consegue se libertar e passa a ser o principal referencial reprodutivo do próprio sistema, que talvez consciente ou inconscientemente tenta romper. Esse modelo de escola, passa a ser vítima e vitima alunos e professores. Não é por menos o grande desinteresse na carreira do magistério, tão preciosa e mais valorosa, moralmente, das profissões, que  historicamente não reconhecida da forma de valorização econômica. Tais evidências são percebidas na falta de profissionais na educação e a crescente carência de profissionais na carreira do magistério, por sua vez esse modelo de escola, fadada ao fracasso, é geradora de profissionais que recorrente adoecem em razão da profissão, como é a conhecida a síndrome de Burnout, inicialmente atribuída aos professores.
       É mais do que necessário romper esse segmento de escola do sistema, voltada para  reprodução de conteúdos, para isso a escola tem que se identificar como agente coletivo, de transformação e propulsora de novos  conhecimentos capazes de fazer criar, de emergir sujeitos planetários, sujeitos humanos de sentido e de desejo de humanidade, só assim será capaz de incluir, sem excluir. É necessário que a escola tenha um plano de conhecimento coletivo, o primeiro passo para isso é se identificar através da sua história como escola, quando a escola se percebe como ser historicamente construído, passa mais facilmente a conhecer seus possíveis problemas, por isso a importância do plano pedagógico voltado para exclusivamente aos elementos que estão diretamente voltados para a vida escolar, como os alunos e professores, esse plano coletivo escolar deve buscar uma autonomia própria, principalmente direcionado para a comunidade da qual está inserida a área geográfica da escola. Os atores que fazem parte desse processo devem saber os caminhos trilhados da escola até então, para justamente saber para onde pode se caminhar, como ser coletivo.
       No seu planejamento coletivo a escola deve incluir e ser geradora estratégica de espaços atencionais, de espaços geradores de atenção, não a atenção disciplinada, estanque, mas da atenção flutuante de estar presente de se fazer sentir. Quando a escola passa a ser o agente criador e criativo do seu espaço, ela torna-se motivadora de modalidades atencionais e integra e ameniza possíveis efeitos de desatenção que possam surgir em razão de outras modalidades atencionais ligadas aos processos tecnológicos que surgem.
       As novas tecnologias criam modelos de modalidades atencionais, as tecnologias presentes no meio técnico-científico-informacional, o meio da globalização da economia, mas também do modismo e do consumismo desenfreado que não iguala, que gera desigualdade econômica e social, mas que  propositalmente são capazes de seduzir jovens e adultos nessas modalidades atencionais, o advento da Internet, criou um novo mundo atencional, muito mais atrativo que a própria escola, as novas atenções como as redes sociais os jogos eletrônicos, são desafios para a escola, mais ainda para a escola  tradicional, mas não serão para a escola criadora de suas próprias modalidades atencionais.
       O prestar atenção, estar atento, são pertinentes a situação na qual o individuo está inserido. A capacidade de atenção requer muita dedicação para estar atento, para isso é necessário despertar os processos que desencadeiam a atenção, como o olhar, o escutar, o sentir, o brincar.    Estar atento é um fator importante para o desenvolvimento de muitas das atividades que fazem parte do nosso cotidiano, enfim, nossa vida. Para tudo o que fazemos necessitamos de atenção, nas simples atividades do dia a dia necessitamos ter e desenvolver a atenção, afinal para fazer bem feito, ela é essencial. Do simples ato de escovar os dentes, as atividades de recreações  e atividades profissionais, a atenção deve estar sempre presente.  Não tem como separar, à vida requer atenção, ela é vital.
       Atenção vem do termo latino attentio, attendere, atenção é um substantivo feminino que significa uma concentração mental sobre algo específico, sendo sinônimo de concentração, cuidado, dedicação e zelo. No seu aspecto mais amplo a atenção se define pela  direção da consciência e estado  da mente para determinado evento/ objeto, para que ela ocorra são necessários alguns fatores básicos como os fisiológicos, a motivação e a concentração. Nesse aspecto despertar a atenção é um dos desafios da escola, a necessidade da criação e do desenvolvimento de atividade atencional e de espaços atencionais,  para  Fernandez, é importante o desenvolvimento dos espaços para promoção da atenção.
Assim como às modalidades de aprendizagem se constroem, em relação às modalidades de ensino dominantes, no meio familiar e social, as modalidades atencionais singulares se constroem  em correspondência com os modos de ser atendido e com os modos atencionais propostos e/ ou impostos pela sociedade. O pensar somente mantém-se ativo se for tramado com vínculos de outros, em espaços intersubjetivos nos quais a capacidade atencional nasce e nutre-se propiciando modalidades atencionais que caracterizam cada cultura. (FERNÁNDEZ, 2012, p. 121)

       A capacidade atencional é o ato da promoção dos fatores condicionantes para a atenção, como por exemplo, o olhar, escutar, brincar, distrair, o de criar,  alegria de estar, de fazer parte de se reconhecer como autor do seu crescimento, a alegria do ensinar, de estar de se fazer presente. A educação plena e consciente deve buscar de maneira constante no ato educativo o despertar da capacidade atencional do individuo, para isso o pensar pedagógico deve estrategicamente refletir sobre as modalidades atencionais, para justamente envolver o educando e torna-lo criador do seu próprio ato de aprendizagem.
       O ato educativo deve propiciar o estímulo, a alternância e a diversificação, se possível, dos diferentes fatores desencadeantes da atenção, como por exemplo,  a capacidade de olhar, o olhar para si, para se perceber como ser existencial. A capacidade de desenvolver o olhar, não apenas com os olhos, mas com todos os sentidos. É como olhar as paisagens, para compreende-las e perceber o sentido delas, é necessário fechar os olhos  para ver além das paisagens.
       Em uma atividade de observação da paisagem que pode ser proposta de em diferentes disciplinas escolares, como a prática da observação da paisagem, descrever aquilo que vê, não apenas com os olhos, mas com todos os sentidos. A criança observa e cria sua própria história, como pode ser analisada, nesse pequeno texto de uma criança de onze anos, após uma aula prática de observação da paisagem, no primeiro ato ela apenas identifica e enumera os elementos observados, como por exemplo, a rua, os paralelepípedos, as árvores, os pássaros, o lago. Em seguida ela cria a história, se torna parte do aprendizado, a própria autora.
Letícia vinha caminhando por vários lugares de Joinville e observando algumas paisagens que chamava a atenção, mas mesmo assim não tinha parado para observar a paisagem e continuou andando. Até que chegou em um local que sua prima disse para Letícia ir até lá. Avistou sua prima parada olhando uma paisagem e decidiu ir até lá, viu que lá possuía muitas árvores e outros tipos de vegetações, contornando em forma de meia lua um grande espaço. Sendo que no meio da vegetação havia um lago, no meio do lago havia uma pequena vegetação, sendo que entre a vegetação e o lago tinha uma pequena estrada de pedrinha. Relato de estudante em uma aula de Geografia, sobre o tema conceitual de paisagem. (Atividade escolar da disciplina de Geografia, 6ºano. Ensino Fundamental)
  
       Nesse exemplo de atividade o professor e os estudantes estão envolvidos em um espaço de atenção, de promoção  atencional em que a paisagem passou a ser uma modalidade atencional. Nesse sentido, o ato pedagógico se transforma em espaço de autoria, o fazer para aprender, quando o eu faço o eu aprendo, o eu, se torna sujeito, se reconhece como criador e se percebe como importante no instante em que ocorre o ato de aprendizagem. Nesse pequeno exemplo são geradas  outras capacidades de atenção, como alegria, alegria de estar presente em um local, de ser o criador, de ser  sujeito, aquele que realiza e é o agente principal da sua transformação,  criador de um mundo imaginário a partir do local observado, além da alegria do criar, do brincar com a sua história e de se distrair criativamente na sua invenção, de se sentir autor e sujeito da realização.
       A escola e professores devem estar voltados para uma pedagogia emancipadora, autônoma e comprometida com as necessidades dos atores que fazem à vida da própria escola, esse tipo de escola contribui para reduzir ou quem sabe eliminar os casos de exclusão e repetição escolar. A pedagogia da escola deve servir a esse grande propósito que é o de torná-la plena no seu campo de atuação. O projeto pedagógico dele incluir uma preparação para a vida, deve se discutir seriamente o sentido da existência e da importância do ser coletivo, o ser social. Só assim a escola ajudará a reduzir as mazelas que atingi as sociedades contemporâneas e são refletidas nas diferentes questões  sociais na atualidade, como a violência, a fome, as desigualdades e as perdas dos direitos sociais e principalmente na violação dos direitos básicos da vida, provocada pelo jogo do poder político sob influencias de doutrinas neoliberais.
       No projeto pedagógico deve incluir o amor pelo educar, de dar valor ao simples ato da vida, é o que afirma Freire.
Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar. Não há educação imposta, como não há amor imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o respeita. Não há educação do medo. Nada se pode temer da educação quando se ama. (FREIRE, 2014, p. 36)
       Só amor pela educação, pelo sentido da importância da educação libertará o homem, o tornará livre, nesse sentido a educação se torna plena e contribui para eliminar a exclusão e possibilitar a autonomia do ser. O professor que ensina com amor consegue acolher mais e com mais eficiência, o professor que com o amor mostrar a importância da educação para o acolhimento  e para a evolução da sociedade, despertará também nos estudantes o compartilhamento da importância da educação como amor.  Juntamente com o amor, a alegria  do ato educativo é outro instrumento relevante a fim de incluir, de pertencer ao um grupo, a alegria de construir, de ser autor  e contribuir para a comunhão do crescer como membro integrante de uma sociedade que pode sim fazer a diferença para um mundo mais justo e de todos para todos.


4.    RESULTADOS E DISCUSSÃO


       Através da pesquisa, nas fontes analisadas, verifica-se o papel necessário da Psicopedagogia para o aprimoramento da educação, sobretudo à Educação Básica, os instrumentos de que a psicopedagogia possui são necessários e norteadores para uma educação eficiente, com o propósito  de incluir, não excluir para depois incluir. De educação inteligente, capaz de dar importância a cada pequeno ser, sem perder o sentido do todo, do coletivo, do saber, do caráter coletivo da educação. A psicopedagogia institucional, necessita mais do que nunca ser de fato institucionalizada como saber  necessário ao ambiente escolar, os elementos do qual esse campo do conhecimento possui são intrínsecos ao bom planejamento pedagógico, capaz de trabalhar no campo preventivo, atuando concomitante com outros saberes no desenvolvimento da vida escolar.
       Somente a prática preventiva e orientadora da psicopedagogia é capaz de contribuir para o aprimoramento de uma verdadeira escola voltada para a integridade do ser, ajudando-o  a superar possíveis dificuldades ou obstáculos colocados no seu caminho, um campo do saber tão vital e que pode representar o fortalecimento de uma educação  mais humana, comprometida com as pessoas e com o crescimento da sociedade, como ser coletivo e para o despertar de uma educação emancipadora, que possa romper as amarras impostas pelo imediatismo, objetivismo e o consumismo ditados pelo poder econômico.


5.    CONSIDERAÇÕES FINAIS


        A promoção dos espaços atencionais pode representar uma essencial alternativa ao modelo de educação vigente.  Nesse sentido a psicopedagogia passa a ter um papel decisivo dentro do processo de ensino aprendizagem, é o eixo norteador e de orientação entre os profissionais que atuam diretamente no ambiente de ensino. A  busca de uma educação que possa  dar autonomia ao sujeito e que possibilite um apoio aos professores na atuação escolar, que desenvolva capacidades atencionais afim de reduzir e evitar processos de exclusão.
       O presente artigo teve como objetivo geral analisar as diferentes possibilidades afim de desencadear o processo para desaprisionar a atenção, entendendo a educação como elemento em constante  construção, essa não pode ser tratada como algo estanque, como estático, parado e momentâneo. A educação é o todo, é a própria sociedade, é parte dela e ao mesmo tempo é a representação e construção dela mesma.
       O desejo de uma educação aprimorada e comprometida com o ser, com o individuo é uma educação cada vez mais coletiva, o desejo pelo constante aperfeiçoamento pode e deve caminhar junto para suprimir as exclusões que muita das vezes estão na rotina do trabalho escolar.
       Que a educação desenvolva  o despertar de uma nova ciência, de uma ciência  capaz ao mesmo tempo comprometida com o aprimoramento da humanidade e com o crescimento intelectual do indivíduo  levar a todos à uma verdadeira complexidade. Para isso, o ambiente escolar deve ser encarrado com o espaço de vivência da escola, ele  deve ser tratado como o meio capaz de contribuir para a emancipação do educando, o grupo escolar deve ter autonomia de criar e desenvolver espaços atencionais, espaços  que ajudarão na construção da autoria, do fazer para aprender, a escola deve ser estimuladora das modalidades atencionais, deve cria-las afim de estimular a atenção flutuante, ao mesmo tempo que criar, a escola necessita conciliar sua criação de modalidades e as modalidades atencionais existentes, para não alienar e sim entender que o todo contribui para o crescimento do individuo.
       Por sua vez as modalidades atencionais serão promovidas pelos fatores que desencadeiam a atenção, esses fatores devem ser os norteadores  para a criação das modalidades de atenção, afim de dar capacidade atencional. De forma inteligente o pensar na educação presume a capacidade de desenvolver e incrementar esses fatores, tais como, desenvolver o ato de escutar, de olhar, de brincar, de se distrair, de autoria, da alegria e do ato de se fazer com amor.

          REFERÊNCIAS


FERNÁNDEZ, Alícia. A atenção aprisionada: Psicopedagogia da capacidade     
atencional. Porto Alegre: Penso, 2012.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 36ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

Abstract: The school is challenged to show clear paths and answers to meet the demands 
of the community in which it is inserted, for this reason the urgency of implementing an 
agenda that addresses these new challenges, such as making it an environment for the
 improvement of society and of constant inclusion. The need for an inclusive school is
 imperative to strengthen the bonds of solidarity and community, so indispensable at the 
present moment, only a school in which the dedication to suppress the difficulties of the 
individual is placed as one of the essentials of the pedagogical work, we will thus a more
 constructivist and capable of forming subjects. The work will present the paths to an 
emancipatory school and the decisive factors for the promotion of the attentional modalities 
and the decisive importance of the psicopedagogy in the contribution of the school able to
 emancipate subjects, to make subjectivities and to extend their possibilities as transforming 
agent, for this will be analyzed the factors that make it possible to release the students'
 imprisoned attention, according to the book by Alicia Fernández, entitled: Attention 
imprisoned: Psychopedagogy of attentional capacity.

Key words: Psychopedagogy, school, school attendan